Aula 1

SUMÁRIO DA AULA

Os alunos exploram como os algoritmos decidem o que aparece nos seus feeds, começando por uma conversa guiada sobre dados e previsões digitais. Em seguida, participam no jogo “Algoritmo Humano”, em que assumem o papel de algoritmos e classificam cartões de conteúdo em função da sua capacidade de prender a atenção do utilizador. A aula termina com uma discussão sobre o impacto destes mecanismos no bem-estar digital e com a identificação de estratégias para recuperar o controlo sobre o tempo online.

MATERIAIS

• Documento Descarregável: Cartões de Feed (Algoritmo Humano);
• Folhas ou cartolinas (uma por grupo) divididas em três colunas (SIM, TALVEZ e NÃO);
• Fichas ou folhas A4 para registo dos grupos;
• Marcadores, lápis ou canetas;
• Projetor (opcional, para mostrar exemplos de feeds / sugestões automáticas).

PREPARAÇÃO

 Fazer o passo-a-passo para os alunos;
• Rever o Documento Descarregável Cartões de Feed (Algoritmo Humano);
• Imprimir e recortar os cartões, garantindo um conjunto por grupo;
• Organizar a sala em espaços para grupos de 4–6 alunos;
• Preparar uma breve introdução com exemplos reais de algoritmos (ex.: sugestões de vídeos ou publicações em redes sociais).

PLANO DA AULA

1. Dê as boas-vindas e introduza o tema;
2. Promova um breve debate inicial: o que é um algoritmo, o que ele “sabe” sobre os alunos e como prevê o que mostrar a seguir;
3. Explique as regras do Jogo: “Algoritmo Humano”;
4. Depois do jogo, promova um debate;
5. Peça a cada grupo que escreva duas conclusões e partilhe com a turma. Anote as ideias principais no quadro;
6. Finalize com uma reflexão coletiva.

Orientações complementares

A seguir partilhamos algumas orientações e sugestões de diálogo que podes ter com os alunos em cada etapa desta aula:

Introdução (item 1 e 2 do passo-a-passo para os alunos)

Após as boas-vindas, pode iniciar com perguntas abertas, por exemplo:

  • “Quando abrem uma rede social, sentem que o que aparece no vosso feed é feito de propósito para vocês?”
  • “Acham que é coincidência ou que há alguma coisa a escolher o que veem?”

Depois introduza o conceito de algoritmo em linguagem simples:

“Chamamos algoritmo a um conjunto de regras e cálculos que decide o que aparece no vosso ecrã. É como um DJ invisível: em vez de escolher músicas, escolhe vídeos, publicações e anúncios com base nas vossas ações online.”

Faça as seguintes questões de forma a promover um debate rápido:

  • “Um algoritmo conhece-vos?”
  • “O que é que ele sabe sobre vocês?”
  • “Por que é que ele sabe isso?”
  • “Acham que ele pode conhecer-vos melhor do que um amigo ou familiar?”

Dê 1–2 minutos para reflexão individual e depois convide alguns alunos a partilhar. Reforce que não há respostas certas ou erradas; o objetivo é pensar criticamente.

Em seguida, use o exemplo dos vídeos de “fails”:

“Por vezes, achamos os vídeos de ‘fails’ engraçados. Talvez alguém que tenha caído de um skate ou ido contra um poste de iluminação por acidente. Imaginem que ontem à noite, antes de se deitarem, assistiram a dois vídeos de ‘fails’ à vossa escolha. Quando acordaram na manhã seguinte, a aplicação que utilizaram sugeriu-vos mais 17 vídeos destes. Vocês assistem a mais alguns vídeos. Quem é que decidiu que iam ver mais vídeos de fails: vocês ou o algoritmo?”

Permita que os alunos debatam entre si. Depois partilhe:

“A isto chamamos algoritmos de previsão: a aplicação recolhe dados, prevê o que vão querer ver a seguir e recomenda conteúdos para manter a vossa atenção.”

Pode usar exemplos simples e familiares para captar o interesse. Pode igualmente partilhar capturas de ecrã de sugestões automáticas em redes sociais (ex.: “Anúncios sugeridos”). Evite linguagem técnica; o foco deve ser na observação e curiosidade.

Primeira Parte  (item 3 do passo-a-passo para os alunos)

Explique o jogo Algoritmo Humano de forma clara:

“Agora vamos fingir que somos algoritmos. A vossa função é manter um utilizador a olhar para o ecrã durante o máximo de tempo possível.”

  1. Distribua a cada grupo:
    • Um pack de cartões de feed (conteúdos de redes sociais);
    • Uma folha com três colunas: SIM, TALVEZ, NÃO.
  2. Dê a instrução central:

“Vocês são o algoritmo. Querem atenção. Querem dados.
Para cada cartão, perguntem:
Será que isto vai chamar a atenção do utilizador e mantê-lo a fazer scroll?
Depois, coloquem o cartão na coluna:”

– SIM: chama definitivamente a atenção
– TALVEZ: pode chamar a atenção, dependendo do utilizador
– NÃO: é pouco provável que atraia a atenção ou seja cativante”

  1. Circule pela sala, ouvindo argumentos e incentivando que justifiquem as decisões:
    • “Por que é que este foi para o SIM?”
    • “Este está no TALVEZ… para quem poderia ser atrativo?”
    • “Alguém discorda desta classificação?”

Sugestões:

  • Pode limitar o tempo (por exemplo, 10–15 minutos) para manter o foco.
  • Incentive que todos participem na decisão, não só os mais faladores.

Enquanto os alunos jogam o Algoritmo Humano, observe os comportamentos e incentive a participação equilibrada. Pode usar música de fundo para dinamizar o ambiente e temporizar as rondas.

No final, peça a cada grupo que olhe para a sua folha e repare em padrões:

  • “Que tipos de conteúdo ficaram sobretudo no SIM?”
  • “Que tipos de conteúdo quase não aparecem no SIM?”

Peça que guardem estas observações para a discussão seguinte.

Segunda Parte  (item 4 e 5 do passo-a-passo para os alunos)

Em pequenos grupos, peça que respondam e debatam:

  • “Que tipo de conteúdos foram parar à coluna SIM? Porquê?”
  • “Existem conteúdos que não são importantes para a nossa vida, mas chamam muito a atenção?”
  • “Todos os temas tiveram a mesma oportunidade de chegar à coluna SIM? Quem ‘ganha’ neste jogo?”
  • “Na vida real, acham que os algoritmos também favorecem o que prende mais a atenção?”

Ajude a turma a distinguir entre:

  • Atração – conteúdos altamente apelativos, divertidos, que geram curiosidade imediata;
  • Relevância – conteúdos importantes para o bem-estar, aprendizagem, relações significativas, objetivos pessoais.

Pode perguntar:

  • “Ver vídeos de gatinhos ou fails pode ser divertido. Mas será que é sempre aquilo que é mais importante para mim naquele momento?”

Ligue esta reflexão ao bem-estar digital:

  • “Como se sentem depois de muito tempo a fazer scroll?”
  • “Ficam mais descansados, mais cansados, mais ansiosos?”

Depois, peça a cada grupo que escreva duas conclusões numa folha A4, por exemplo:

  • Algo que aprenderam sobre como os algoritmos funcionam;
  • Algo que perceberam sobre os efeitos no seu próprio comportamento ou emoções.

Peça que cada grupo partilhe as suas conclusões com a turma e vá registando no quadro as ideias-chave (por exemplo: “o algoritmo privilegia o que prende mais atenção”, “nem sempre o que aparece é o mais importante”, “é fácil perder a noção do tempo”, etc.).

Conclusão (item 6 do passo-a-passo para os alunos)

Para encerrar, faça um momento de reflexão coletiva (pode ser em círculo):

No quadro, escreva frases para completar, como:

  • “O algoritmo ajuda-me quando…”
  • “Preciso de cuidado digital quando…”
  • “Um algoritmo é…”
  • “Posso ter mais controlo digital quando…”

Peça a alguns alunos que completem as frases em voz alta. Valorize respostas diversas e evite julgamentos; o objetivo é tomar consciência, não culpabilizar.

Em seguida, convide-os a sugerir estratégias de equilíbrio digital, por exemplo:

  • Desligar notificações que interrompem constantemente;
  • Definir momentos sem ecrãs (ex.: refeições, antes de dormir);
  • Escolher de forma intencional o que seguir e o que deixar de seguir;
  • Usar parte do tempo online para aprender algo novo ou criar, em vez de apenas consumir recomendações.

Refira que podem ser desafios pessoais para a semana seguinte.

Outras recomendações

• Para turmas mais jovens, reduza o tempo do jogo e simplifique as interações.
• Para alunos mais avançados, peça que identifiquem paralelos entre o jogo e plataformas reais.
• Pode articular esta aula com Cidadania e Desenvolvimento (Domínio: Educação para os Media).
• Sugira como atividade complementar que os alunos desativem recomendações automáticas durante uma semana e registem o impacto na sua experiência digital.

Finalize reforçando a mensagem central da aula:

“Os algoritmos aprendem com o que fazemos e tentam manter-nos ligados, mas somos nós que decidimos o que queremos alimentar e quanto tempo queremos dar-lhes.”

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